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Esta frase do grande pensador e escritor George Steiner deixou-me estonteado, apesar dele com os seus 89 anos se considerar também um “criminoso”. Mas, a ideia não é de um autor, mas sim de toda uma civilização europeia.
Steiner, uma espécie de sobrevivente judeu do holocausto, parece vir dizer que nós, os europeus, romenos ou portugueses, britânicos, franceses, alemães ou gregos, a partir de uma certa idade somos uns “judeus” a merecer algum forno crematório, até por não haver lugares vagos nos cemitérios.
Na entrevista que Steiner deu à redatora do Expresso Revista Luciana Leiderfarb afirma que “somos convidados nesta terra”, pelo que pergunto se devemos sair da “festa” que é a vida antes de tempo?
Claro, Steiner confessa que as “ciências (exatas) não conhecem a hipocrisia” pois “há o certo ou o errado e quem faz batota é obrigado a sair do jogo. Pelo contrário, as chamadas ciências sociais fazem “bluff” a todo o tempo, estão cheias de mentira, de conversa FIADA” e esta de viver demasiado é um delas para uso dos monstros humanos que apelam todos os dias a reformas e escrevem muito no Expresso. Reformas para esses nazis do pensamento é acabar com os reformados, seja de que maneira for.
Steiner fala no século passado como obscuro da maior barbaridade e parece indicar que este pode ser pior se os Schaeubles vencerem.
É difícil entender George Steiner em termos políticos e atuais sem ter lido um livrinho dele intitulado em alemão que foi na língua que li: “Warum denken traurig macht” (Porque razão pensar entristece).
Após a leitura, qualquer um torna-se noutra pessoa a pensar, pensar e pensar o pensamento porque George Steiner escreve como um provocador algo sedutor que impede que o leitor abandone o livro antes de ler todas as suas 77 páginas.
Steiner fala na inquietante “liberdade de pensamento” que a nada conduz e não dá resposta ao que é a morte e eu diria a vida também e o próprio o pensamento, nem se há ou não um Deus. A ciência exata também não respostas finais, mas desde Sócrates que sabemos nada sabemos.
O pensamento livre tornou-se para Steiner tão lúgubre que nos leva a todos a um imenso recuo para as toscas simplicidades dos fundamentalismos, sejam islâmicos ou batistas nalguns estados americanos e até na Europa. Sentimos que há um banho ácido do pensamento e é precisamente aquele que diz, mais ou menos a sério que é crime viver demasiado. Sim estraga as finanças do Estado e perturba o futuro dos netos e bisnetos. Claro, Steiner é genial, mas com a sua idade parece que não conheceu esta maravilhosa máquina que é o computador, a Net, máquina que ajuda a pensar e conhecer o Mundo para quem queira.
Steiner não é contra a liberdade de pensamento, pensa é que os fundamentalismos surgem como reação ao pensamento e são o desejo de policiar o pensamento, enquadrá-lo numa banda estreita que já não se compadece com a liberdade de pensar.
O Pensador não acredita no futuro da civilização europeia que pode soçobrar com os fundamentalismos que não são só dos religiosos. Assim, Steiner não diz, mas Schaeuble e Bruxelas são fundamentalistas e uma forma de nazismo que por não se preocupar com judeus não deixa de ser muito pior.
Na verdade, foi recentemente descoberto que o pensamento resulta de um pequeno erro do ASDN de uma nosso antepassado de há 500 mil ou 5 milhões de anos atrás.
No gene AHGAP11B do cromossoma 15 um erro de transcrição transformou um nucleótido C (citosina) em G (guanina), originando um novo ARN (ácido ribonucleico) que passou a produzir uma nova proteína, exprimida por células especializadas da zona ventricular do cérebro que produziram um estado neuronal intermédio.
As células intermédias dividiram-se em novos neurónios que emigraram para a placa cortical para formar o nosso neo-córtex cheio de circunvalações onde se forma esta coisa estranha que é o pensamento, a não confundir com inteligência, já que os animais são todos portadores de diversas formas de inteligência que permite a sua sobrevivência. E pode ser-se inteligente sem ser grande pensador ou, mesmo, sem pensar em seja no que for.
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