O nosso camarada João Galamba escreveu um excelente artigo no Expresso, mas mais uma vez, como muitos milhares de outros autores de artigos, atribuiu a Monsieur de La Palice a autoria de uma “boutade” ou bizarria óbvia ou “lapalissada”. Por isso não posso deixar de defender aqui a honra do Marechal do Rei Francisco I de França que não foi autor de nenhuma “boutade”.
O valente marechal Jacques II de Chabannes, “seigneur de La Palice”, morreu em combate nas guerras italianas ou de Milão em 1525 quando tentava conquistar a cidade Pavia. Um dos seus soldados com veia poética escreveu então algumas estrofes cantadas durante o funeral do seu marechal e um epitáfio que essas sim eram verdadeiras “boutades”. Inicialmente utilizava-se a frase “como diriam de Monsieur de La Palice” e não “como diria Monsieur La Palice”.
Eis pois um dos versos do soldado poeta que foram posteriormente recolhidos por Bernard de Monnoye e acrescentados com centenas ou milhares de outros dos mais diversos autores:
« Hélas, La Palice est mort,
Est mort devant Pavie ;
Hélas, s’il n’était pas mort,
Il ferait encore envie »
Em português:
Ai de mim, La Palice morreu,
Morreu frente a Pavia
Ai de mim, se ele não estivesse morto
Ele faria ainda inveja.
Com o tempo o termo “ferait” (faria) passou a “serait” (estaria) e «envie» (inveja) transformou-se em « en vie » (em vida).
O seu epitáfio ficou o seguinte:
“Ci-gît le Seigneur de La Palice
S’il n’était mort il ferait encore envie »
Em português » « Aqui repousa o Senhor de La Palice / Se não estivesse morto ainda causava inveja”.
As “lapalissadas” são infindáveis, mas o famoso morto nada teve a ver com nenhuma delas. Em vida caracterizou-se pela sua extraordinária valentia em combate e daí os seus soldados cantarem numerosas estrofes em sua honra.
Portanto o correto é escrever ou dizer: “como diriam do Senhor de La Palice” com c e não dois s.
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