Sábado, 9 de Fevereiro de 2019

O Suicídio do Sósia

Naquela manhã primaveril, uma parte do pessoal do escritório da multinacional chorava, enquanto outros faziam as suas tarefas normais, rindo e gracejando, por vezes. Parece que não sentiam a tristeza que ia na alma de muitos dos seus colegas de trabalho.

Kurt Lang começara nessa manhã o seu terceiro dia de trabalho naquela empresa, ainda em instalação no país; o seu gabinete não tinha o telefone instalado, o que o obrigava a deslocar-se frequentemente ao espaço central daquela enorme mansarda moderna virada para o Tejo, que estava em vias de ser o escritório de uma poderosa multinacional do ramo farmacêutico. Como outros dos novos empregados da empresa, Lang perguntava-se a si mesmo o que teria acontecido, em que tipo de empresa se metera para ver pessoas a chorar, logo no seu terceiro dia de trabalho?

Acabou, enfim, por perguntar, afinal o que se passava ali? - Foi o doutor Leite que faleceu – responderam-lhe prontamente. “Quem? O Sósia”, perguntou mentalmente Lang. Efectivamente, o doutor Leite, para Kurt Lang, era principalmente o sósia do então presidente do Conselho de Ministros, Marcelo Caetano. Talvez a miopia de Lang o enganasse um pouco e só o tinha visto poucas vezes, mas a verdade é que para Lang e outros colegas, como veio depois a saber, o doutor Leite era a cara chapada do político, até na saliva que de vez em quando escorria do canto da boca. Os próprios óculos eram iguais, o doutor Leite cultivava essa semelhança, não só no vestir como no porte e modo de falar e andar.

Kurt Lang conheceu o doutor Leite quando foi apresentado a todos os colegas, sem perceber bem o que fazia ali o Sósia, sucedendo o mesmo ao doutor Leite que não estava inteirado de qual a função do neófito. A meio da manhã, o doutor Leite foi informado que Lang deveria dirigir uma nova secção de compras e planeamento de materiais, pelo que se lhe dirigiu para perguntar se poderia mandar fazer uns formulários e umas fichas para o seu departamento de consultadoria.

“Deve ser este apátrida, ou sei lá o quê, a autorizar ou vai mandar fazer os formulários”, pensou o doutor Leite, “não vou por causa disto perturbar o novo gerente, o senhor Osgar, nem o senhor Olbrich, o administrador, até porque falam tão mal português e de francês nem uma palavra, são alemães pa...burro com a mania que são americanos por trabalharem para uma empresa norte-americana; não, o Osgar é norueguês ou qualquer coisa do género. Ao menos este Longo ou Lang fala correctamente português”. O doutor perguntou pois a Kurt Lang se podia mandar fazer os formulários na tipografia habitual, de acordo com o esboço que tinha gizado, ao que Lang disse lgo que sim. “Quem sou eu”, pensou Lang, “para logo no primeiro dia de trabalho dizer quais os formulários que o doutor Leite deverá utilizar, mas é triste a cara do homem, e a sua aparente timidez também”.

A função de chefe de compras e mais sei lá o quê não tinham ainda entrado na pele de Lang. Mas, logo naquele dia, uma empregada disse que o doutor Leite era amigo de Marcelo Caetano e, talvez, viesse a ocupar muito em breve um alto cargo político.

- Ah! Sim, mas ele é o Sósia. - Não, não é por isso que ele vai ocupar um alto cargo, é pela amizade que o Marcelo tem para com ele; sim, isso vale muito nos nossos dias.

- Acho que sim, - respondeu Lang. Nessa altura, o doutor Leite não lhe inspirava qualquer simpatia ou antipatia, só depois da sua morte é que o entendeu, ficando gravado na sua mente como um fenómeno humano pleno de significado. Só uns dias depois do enterro do doutor Leite é que lhe disseram quem era o personagem que de forma tão violenta acabaria por fustigar a imaginação de Lang e como faleceu.

- O doutor Leite suicidou-se, - disse, por fim, aquela empregada loura e um pouco “vamp”, mas já um tanto entrada na idade madura.

- Deu um tiro na cabeça. Kurt Lang ficou assombrado, algo muito grave passara pela mente do doutor Leite para o levar a cometer um acto tão dramático e, simultâneamente, tão heróico. Para Lang, o suicídio seria talvez o acto mais corajoso que alguém pode praticar. Recordou logo uma frase de Albert Camus num dos seus ensaios; “Só há um problema filosófico verdadeiramente sério; é o suicídio: Saber se a vida vale ou não ser vivida, é responder à questão fundamental da filosofia”.

Apesar de não acreditar em almas do outro mundo, pensou logo que a sua alma, ou o seu espírito, ficaria ali para explicar a razão do suicídio corporal, apontando, acusando, mostrando mesmo a profunda tristeza que pode rodear um corpo, mesmo bem vestido de fato assertoado, gravata discreta e sapatos altamente polidos. Efectivamente, a alma do doutor Leite penetrou o espírito de Kurt Lang, explicando-lhe claramente a razão do seu suicídio e ficou ali no escritório da multinacional a incomodar toda a gente. Terá sido por isso que o senhor Olbrich tomou a decisão de mudar os escritórios da empresa para um edifício fabril construído expressamente para a albergar. Ao certo ninguém sabe, mas é natural que tenha havido uma tentativa de fugir ou mesmo enganar a alma-espírito do doutor Leite que teimava em não sair daquele local. Provavelmente ainda lá estará, desgostosa de não se encontrar com a alma amiga do seu sósia de corpo, a vaguear pelo Brasil e pernoitando no cemitério, onde o corpo de Marcelo repousa, bem ao lado daquele célebre jornalista imoral, como diziam.

Mas antes de ser só espírito, ou alma, tanto faz, quem era o doutor Leite? Doutor? Não por grau académico, mas simplesmente porque era o anterior proprietário do pequeno laboratório de especialidades farmacêuticas, quase falido, que a multinacional norte-americana adquiriu. Fora durante muitos anos o patrão do pessoal que transitou da sua empresa para a multinacional, já que esta comprou tudo, incluindo o pessoal e o doutor Leite que ficou como consultor para resolver os assuntos de gestão e de relacionamento com as autoridades. Principalmente com o terrível doutor Godinho que mandava naquele ramo industrial e não tolerava novas empresas ou, mesmo, modificações significativas. Governava aquela porção do Condicionamento Industrial com o máximo rigor. Por isso, a nova multinacional esperava enganar o doutor Godinho, mantendo o doutor Leite na sua empresa para dar a impressão que o pequeno laboratório estava só a manipular especialidades estrangeiras por contrato. Assim, o doutor Godinho não terá motivos para se alertar, o seu universo manteria a estabilidade de sempre.

Mas o doutor Leite ainda acreditou que seria o consultor, que diria aos senhores Olbrich e Osgar o que deveriam fazer, quais as pessoas a empregar, onde comprar matérias primas, máquinas, etc. Logo no dia seguinte ao da assinatura da escritura notarial de venda do seu laboratório, o doutor Leite dirigiu-se aos novos escritórios da multinacional, onde lhe foi reservdo um gabinete. Assustou-se quando viu uma pequena secretária metálica de tampo preto e perguntou porque não lhe mandaram do laboratório aquela linda secretária, toda cheia de relevos em madeira negra e com um imenso tampo de vidro. Estava reduzido a uma vulgar Nacital, como um simples escriturário de ficheiros ou contabilidade. Agora era a doutora Casaca, a directora técnica do seu antigo laboratório, a sentar-se de bata branca no seu antigo cadeirão e debruçar-se naquele tampo de vidro de dimensão invulgar.

Mesmo assim, no primeiro dia do começo da sua morte, o doutor Leite não se compenetrou de que já não mandava ali, apesar de continuar a ser o sósia de Marcelo Caetano. O espírito do doutor Leite disse a Lang, tempos depois da morte do seu corpo, que os “sem-pátria” haveriam de reconhecer o seu valor e comprar uma secretária nova e grande, muito grande, mesmo que fosse a imitar madeira, bem como um cadeirão de napa negra e costas altas até ao pescoço. Claro, o doutor Leite nunca acalentou a ideia de que iria continuar a ter poder, afinal isso está ligado à propriedade. Não daria ordens, mas conselhos, tendo mesmo pensado em fazer um ficheiro de conselhos que iria dando e escrever semanalmente relatórios de gestão para que os “estranjas” soubessem bem como dirigir a empresa que, por tão pouco lhes vendeu, com dívidas e tudo.

Ele, o doutor Leite, o amigo de Marcelo, seria um estratega-sombra do grupo empresarial norte-americano. Um grupo importante, mas que escondia no seu seio a raiva e a inveja de ver a antiga empresa alemã, a que estivera ligado antes da guerra, singrar mais do que a empresa dos homens do dólar. Simplesmente, porque os “puritanos” yankees que foram dirigir a ex-filial norte-americana se esqueceram, ou não quiseram, registar a patente da pílula anti-concepcional, inventada pelo grupo nos anos trinta. Esquecimento que a empresa alemã não teve, tornando-a num dos grupos farmacêuticos mais ricos do mercado mundial, apesar de as suas instalações terem sido literalmente destruídos durante a guerra.

No primeiro dia, para além do choque sofrido com a pequena secretária, nada sucedera. O doutor Leite passou-o a imaginar os seus formulários e fichas, pensando que a qualquer momento seria chamado para dar um conselho. Arrumou uns dicionários numa pequena estante, bem como a Farmacopeia Portuguesa e uma pasta com a legislação mais recente, em cuja lombada o doutor Leite escreveu a letras grandes “Leis”. Precisava de um ficheiro metálico, mas não sabia como o adquirir, sim, já não podia mandar o senhor Matos fazer a compra. Tinha de pedir primeiro licença ao senhor Osgar, um norueguês corcunda que arranhava mal todas as línguas que falava, ninguém o compreendia; bem, bem, talvez só falasse o norueguês. O doutor Leite tinha de pedir em inglês, língua que quase não falava; ele pertencia à geração do francês e do seu pessoal barato ninguém falava qualquer língua estrangeira. Afinal, o seu laboratório tinha sido sempre bem nacional. Mesmo assim, explicou meio em português, meio num francês que o Osgar não entendeu que necessitava de um ficheiro. “Yes”, respondeu o escandinavo, sem perceber o que o doutor Leite queria, fingindo que ia tratar do assunto. O doutor Leite, habituado a dar ordens, ficou como que suspenso e percebeu que não seria atendido. Mesmo assim, ainda não se tinha compenetrado de que já não era nada ali. Por fim, lembrou-se que havia aí um novo chefe de compras, o Kurt Lang. Dirigiu-se-lhe com o pedido para mandar fazer os formulários.

No dia seguinte, o doutor Leite chegou cedo ao escritório, ali na Infante Santo, vinha convencido que começaria enfim a dar conselhos, participar em reuniões, fazer mesmo o “brain-storming”, coisa que os pseudo-américas da empresa estavam sempre a falar, mas que ele não percebeu bem o que era, “reuniões”, dizia para os seus botões. Mas nada, nem o Osgar, nem o Olbrich lhe perguntaram seja o que for, o melhor que conseguiu foi um arranhado bom-dia do senhor Olbrich; o arrogante Osgar nem se mostrou. Aparentemente imperturbado, continuou com o trabalho da véspera, esboçando impressos, formulários, classificando a legislação em vigor e consultando um livro sobre organização de empresas.

No terceiro dia, pós-escritura, o doutor Leite chegou à mansarda com uma sensação estranha na mente. Tinha tido sonhos reveladores. Sonhara que não o deixariam entrar. As mulheres da limpeza apareciam com vassouras e pás a empurrá-lo para fora, dizendo que bicho horrível. Leite sonhara que era Gregor Samsa da novela de Kafka, “A Metamorfose”. Transformara-se num enorme insecto repugnante, enxotavam-no para fora do escritório mansárdico. Mas não, viu a sua antiga telefonista com um bom-dia rasgado nos lábios. Sentiu-se aliviado, entrou para o seu gabinete, no qual uns técnicos acabavam de instalar o telefone. Resolveu experimentá-lo e ligou para a secretária do senhor Olbrich. Queria mostrar que ele também, apesar de português, era capaz de chegar cedo, antes mesmo das nove horas, tal como o Olbrich. Perguntou se o doutor Olbrich já tinha chegado. A secretária começou logo por dizer que o senhor Olbrich não é doutor, nem nada que se pareça, mas já tinha chegado. Na verdade, Filipa, a jovem secretária do administrador germânico, não gostava nada dele, sempre que podia dizia mal dele e deleitava-se a dizer que o “patrão” não é doutor. - Ele não andou na universidade, começou a vida na empresa como delegado de propaganda médica, senhor doutor Leite. E já me avisou que não está para ninguém. - Mas diga-lhe que o doutor Leite chegou e está à sua disposição para o que for necessário e gostava de passar pelo seu gabinete para lhe dar os bons-dias. - “No”, respondeu o senhor Olbrich, - “I am busy”. - Está a ouvir, o seu doutor Olbrich está ocupado, não o pode receber. O doutor Leite ficou paralizado. Depois pensou, “ainda bem que aquela malcriada nunca fez parte do pessoal da minha ex-empresa, que vergonha, ver assim o seu patrão da há três dias atrás ser despachado como se fosse um vendedor das “páginas amarelas”.

Triste e mudo, o doutor Leite deixou-se ficar no gabinete, mas acalentou ainda a esperança de que o chamassem para dar algum conselho. Ficou parado a olhar para o telefone interno. Deveria tocar para ser chamado. Nem lhe apeteceu ler o “Diário de Notícias” e, menos ainda, o “Diário do Governo” para ver se foi publicado algum decreto de interesse para a indústria farmacêutica.

A meio da manhã, uma das suas antigas empregadas, entrou no seu gabinete e perguntou.

- O doutor Leite precisa de alguma coisa, um café e uma bolacha? Foi com um tremendo esforço que esboçou um pequeno sorriso e respondeu:

- Não, Paula, obrigado. Quando ela saiu apeteceu-lhe chorar, mas continuou hirto, incapaz de pensar ou mover a cabeça, sequer, como se tivesse levado uma pancada. “E se alguém entrasse para dar-me os bons-dias. Nem o Matos entra, o fiel contabilista, ou o Lopes que dirigia a propaganda médica”, pensou o doutor Leite naquela manhã quase acalorada com um lindo sol e uma bruma esbranquiçada sobre as águas do Tejo. Ninguém entrou durante a manhã. O doutor Leite não fez nada. “Fazer o quê, pensou, não querem os meus conselhos, sentem-se donos de tudo já; da empresa e, talvez, do País todo. Trabalhou o meu pai toda a vida e eu continuei durante mais de vinte anos até hoje. Para quê? Para entregar isto tudo de mão beijada aos multinacionais, cuja única pátria é o lucro”.

A manhã passou assim lentamente e com grande tristeza. Pouco depois do meio-dia, o doutor Leite telefonou para casa. Disse à mulher que não tinha tempo para ir almoçar a casa, estava entre duas reuniões importantes, comeria qualquer coisa num “snack”.

- Mas tens assim tanto trabalho? – perguntou-lhe a mulher quase desconfiada.

- Claro, Rosinha, praticamente ainda tenho de dirigir isto, eles não sabem nada, estou a ensinar-lhes tudo sobre a indústria farmacêutica em Portugal.

- Ainda bem que reconhecem o teu valor – respondeu-lhe a esposa.

Mais triste que um morto, o doutor Leite foi almoçar a um café na Rua Ferreira Borges. Só, ninguém o quis acompanhar na refeição, como sucedia antes, quando tinha almoços de negócios com fornecedores, colegas empresários, farmacêuticos, armazenistas, etc., e até com alguns médicos mais amigos. Na escada do prédio cruzou-se com o vendedor de vitaminas suíças que tinha ido apresentar a sua mercadoria a Kurt Lang, o novo chefe de compras. Saudou de longe o doutor Leite com um sorriso quase amarelo. “Parece que já conhece a minha história”, pensou o doutor Leite, “nem me convidou a almoçar, como fazia há umas semanas atrás; com certeza convidou o Longo, aquele apátrida que colocaram aqui. Só escolhem dessa gente e nem me perguntam nada. Não dão pela minha vasta experiência de selecção pessoal”. Depois do almoço, o doutor Leite não quis comprar o habitual charuto, já nada lhe apetecia. Seguiu a pé pela Ferreira Borges e meteu à Rua do Patrocínio para chegar à Infante Santo. Aquela zona da cidade não lhe dizia nada, não estava habituado a viver ou trabalhar aí. Regressou triste ao seu gabinete. Não sabia se devia ou não voltar a pôr aí os pés. “Talvez seja isso que eles querem”, pensou então, “mas se não apareço mais, não me pagam e, de qualquer modo, necessito do dinheiro, já que o produto da venda do laboratório quase só serviu para pagar algumas dívidas pessoais”.

Naquela tarde, o doutor Leite ainda quis falar de novo com o senhor Olbrich ou, pelo menos, com o Osgar. Queria discutir as suas funções, estabelecer um plano de trabalho, um calendário de reuniões ou de elaboração de relatórios de gestão, informações legais, etc., qualquer coisa que significasse trabalho. Mas não teve coragem, iam dizer outra vez “I am busy”. “Não sejas impaciente” disse para si mesmo o doutor Leite, “talvez eles venham ter contigo, pedir enfim um conselho ou que ajude a organizar um novo serviço, seja o que for, pois sei de tudo nesta indústria. Eles sabem que tenho uma vasta experiência, conheço quase todos os médicos importantes, bem como os armazenistas de todo o País e tantas farmácias que compravam as minhas especialidades, ou não inventei eu o “Anti-Gripe” e o “Xarope Laxante”.

Mas, a tarde passou com um único acontecimento; o café, servido pela sua antiga funcionária, como nos velhos tempos. “Esta, apesar da sua cara de estúpida”, pensou o doutor Leite, “ainda me vê como um patrão, trata-me com toda a deferência e eu, além de lhe ter pago sempre um ordenado miserável, tratava-a tão mal”. Depois do café, passaram mais umas horas sem que nada acontecesse. Eram seis da tarde, o doutor Leite levantou-se e saiu uns minutos depois, já quase toda a gente tinha abandonado as instalações. A porta do escandinavo estava fechada, não se atreveu a bater para se despedir. Lá no fundo, já não se via a secretária do Olbrich, a Filipa. “O alemão já deve ter saído”, pensou o doutor Leite.

Sem ninguém para lhe dizer “até amanhã”, o doutor Leite saiu. Estava disposto a não passar outro dia como este. Quando se meteu no carro pensou, “agora com os meus cinquenta e sete anos é que vou procurar emprego e pela primeira vez na vida? Não tenho coragem para colocar o problema aos meus antigos colegas na Associação, nem ao meu amigo doutor Paulo Coco. Não, não pode ser, antes a morte”.

O doutor Leite chegou a casa extenuado, a tristeza cansa mais que o trabalho duro. A esposa ainda lhe disse: - Vens mesmo com cara de trabalho, os américas ou sei lá quem não te deram um minuto de descanso, já nem a casa podes vir almoçar.

- Com efeito, Rosinha, foi um trabalhão, sempre em reuniões, umas atrás das outras, para organizar serviço por serviço, contratar pessoal, elaborar uma estratégia global de marketing e planeamento industrial, nem queiras saber o que aquilo foi. Ainda tenho que fazer umas coisas aqui no escritório. Quando o jantar estiver pronto, chama-me.

O doutor Leite meteu-se no seu escritório doméstico. Foi buscar a pistola que estava numa caixa escondida num dos seus arquivadores pessoais. Uma velha “Beretta” de 9 mm que guardava desde os tempos que pertencera à Legião Portuguesa. “Isto ainda deve funcionar”, pensou. Retirou o carregador e meteu-lhe duas balas. “Uma só chega”, encostou a arma ao osso frontal e disparou valentemente. Morte instantânea.

No dia seguinte, logo pela manhã, o seu espírito-alma estava já instalado no gabinete da secretária de tampo negro. Kurt Lang sentiu logo naquela manhã que algo pairava no ar, só dias depois é que percebeu que era o espírito do doutor Leite. Em pensamento passou a cumprimentá-lo respeitosamente todas as manhãs.

Copywright Dieter Dellinger

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