Domingo, 21 de Fevereiro de 2016

As Contradições do Mundo de Hoje

 


Em 2014 trabalhavam no mundo global cerca de 15 milhões de cientistas e investigadores nas mais diversas ciências e na procura de inovações por qualquer preço. Por ano estão a entrar no mundo da ciência quase um milhão de novos cientistas e técnicos inovadores e nunca se criaram tantas startups, empresas para desenvolverem novas ideias. Nunca na História da Humanidade se investigou tanto e foram feitas tantas descobertas. Ainda no fim do século passado não tinham sido detectados praticamente nenhum exoplaneta e hoje conhecem-se quase duas centenas, sendo 11 planetas rochosos em órbitas tidas como habitáveis. É evidente que o destino da Humanidade será a colonização da Galáxia, mas provavelmente durante muitos anos apenas por pequenos robots com inteligência artificial e comunicação com a terra accionados por motores de fusão nuclear capazes de acelerarem os seus veículos de transporte a velocidades muito próximas da luz.
Também no domínio das energias, há mais de uma centena de projetos grandes e pequenos de fusão nuclear e alguns de produção de hidrocarbonetos sintéticos a partir do CO2 atmosférico e de fotossíntese artificial semelhante ao que fazem as plantas. Para ale disso descobriram meio de extração de petróleo em quantidades gigantescas e sabe-se que há gás natural para séculos de consumo e os mais idosos de entre nós recordam que em 1972/73 o então famoso Clube de Roma advertia que nos primeiros anos do Século XXI as reservas de petróleo estariam esgotadas quando até nos poços abandonados há muitos anos se descobriam que tinham voltado a encher-se de combustível fóssil.
A inovação não se limita às novas tecnologias, mas também ao “design”, modelagem, organização do trabalho e marketing. Em 2014, foram aceites 2,7 milhões de patentes quando sete anos antes não chegavam ainda ao milhão.
Com tudo isto as condições de vida das populações do Mundo deveriam ter melhorado e não foi isso que aconteceu. Aparentemente, o desenvolvimento trouxe mais emprego em países de mão de obra extremamente barata como China, Índia e outros e desemprego ou empregos a meio tempo e precários na Europa, EUA, etc. Hoje, 5 pessoas podem elaborar as faturas de uma grande empresa quando nos anos 80 do século passado eram necessários 300 trabalhadores.
Mas, o retrocesso não é só nas condições de trabalho pois de uma forma geral a política, os economistas e os empresários estão a andar para trás. Há empresas como Apple, Google, Facebook, Pfizer, Monsanto e outras que acumularam somas astronómicas sem pagarem impostos porque depositaram os ganhos em países como Holanda, Irlanda, Ilhas Virgens, Bahamas, etc. e nos EUA e Europa vivem de créditos a juros baixos. Só a Apple tem de lado 225 mil milhões de dólares, portanto, mais que o PIB português.
Por outro lado, com tanto desenvolvimento, os políticos europeus cortaram o acesso das populações à moeda e, como tal, à melhoria do bem-estar. Com isso, a par do progresso, este ano começou com a maior crise bolsista de sempre. Nunca num período tão curto de pouco mais de mês e meio as acções das empresas cotadas caíram tanto. Nunca houve uma tão grande diferença entre bilionários e classes médias e pobres e também nunca os grandes oligarcas perderam tanto dinheiro, mantendo mesmo assim as suas imensas fortunas e as diferenças com o resto da população. Um por cento da população mundial possui mais que os restantes 99%.
No campo do pensamento não científico há um retrocesso tremendo. Reapareceram crenças político-religiosas arcaicas e economistas e políticos defendem o fim do Estado social quando as ciências biomédicas inventaram os mais fantásticos aparelhos de investigação patológico, medicamentos miraculosos e as grandes empresas do sector passaram a ter acesso aos mercados mundiais sem barreiras significativas. O coração artificial está para breve ao mesmo tempo que os políticos querem ver as chamadas “pestes grisalhas” mortas.
O pior de tudo é a criação de um conjunto de situações conflituais que podem conduzir a uma guerra muito generalizada sem que hajam verdadeiras diferenças e problemas entre nações desenvolvidas. Há apenas povos que se querem libertar com toda a justiça de ditadores de longa data e ditaduras dinásticas em países geralmente atrasados.

 

publicado por DD às 23:43
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Segunda-feira, 8 de Fevereiro de 2016

O Homem em Declínio da Filomena Mónica


 

O Expresso do passado 6 de fevereiro mimoseou os seus leitores com o artigo mais idiota que se pode imaginar de autoria da Maria Filomena Mónica intitulado “O Declínio do Poder Masculino”.

Eu não venho aqui defender a masculinidade e o seu eventual poder porque não vejo qualquer necessidade nisso, mas não posso entender a afirmação final da autora que escreveu: “Para os homens, o futuro é negro: dentro de 125.000 anos estarão extintos”.

Ela refere-se a dois autores de livros provavelmente de anedotas desprovidos de qualquer sentido.

A referida autora da direita portuguesa parte da existência de casais em que a mulher sustenta a casa e o homem passou a doméstico, geralmente por via do desemprego. Não conheço nenhum, mas há televisões que dizem que há e nem interessa saber se há ou não.

A sociologia aponta para a existência de casais com os dois cônjuges a trabalharem e em Portugal só assim é que apareceu uma quase classe média relativamente vasta com um mínimo de nível de vida.

Evolução social que é consequência da ausência da enorme redução da mortalidade infantil e juvenil graças aos avanços da medicina e do SNS socialista que permite prescindir da procriação em quantidade e também pelo facto de que a racionalização do trabalho e a máquina tornaram o trabalho menos violento e, como tal, mais suscetível de ser executado por mulheres, o que se acentuará com a robotização desde que se arranjem mais funções a necessitarem de trabalho.

Mas a maior asneira da madame é reproduzir de dois livros de humor que “demonstravam que o sexo masculino era uma espécie agarrada à vida através de um cromossoma frágil, de seu nome Y, que originalmente desempenhava competentemente as sua funções” sem explicar quais. Depois acrescentou que “a maldição começou quando o homem pretendeu lutar com os dinossauros, assumindo o papel de sexo forte”. Aqui é que ela se espalhou ao comprido ou os autores de anedotas onde ela foi buscar a frase, mostrando a sua falta de cultura biológica mais elementar.

Os dinossauros terão desparecido há uns 65 milhões de anos e, nessa altura, os primeiros mamíferos eram espécies recentes que apareceram no cenozoico. Quando desapareceram os dinossauros surgiram e desenvolveram-se os mamíferos a partir de serpentes mamalianas e pequenos roedores.

O homem propriamente dito é em termos evolutivos um bebé pois a família humana não tem mais de dois milhões de anos a partir do homo habilis, o primeiro a usar ferramentas líticas, seguido do homo sediba, h. robustus, h. bosei, h. erectus, h. heidelbergensis, h. floressiensis, h. neandertalensis, h. rhodensis e, por fim, o glorioso homo sapiens arcaico e homo sapiens sapiens, ambos com menos de 200 mil anos de existência.

O mais antigo antepassado conhecido do género homo terá sido o Ardipithecus ramidis que viveu há uns 6 milhões de anos, uns 60 milhões de anos após a extinção dos dinossauros e que faz parte do género austrolopiteco.

É verdade que não conhecemos a razão por que de uma tão numerosa família e num espaço de tempo tão reduzido que são dois milhões de anos só o pintor de paredes de cavernas sapiens sapiens é que sobreviveu.

Há hereditariedade mitocondrial feminina como há nuclear masculina, mas o homo deve a sua inteligência à ferramenta que começou por ser de pedra e madeira até chegar ao ferro fundido que muito contribuíram para o êxito da caça e da agricultura em conjunto com a guerra. Não há dados para uma evolução hermafrodita quase desconhecida no reino animal.

A vida na Terra tem uns 4 mil milhões de anos e a igualdade de géneros tem pouco mais de 50 anos, prazo verdadeiramente heurístico que é uma maneira erudita de dizer que não se demonstra qualquer correlação entre si.

 

publicado por DD às 23:39
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