Quarta-feira, 29 de Março de 2006

O Pensador

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O Pensador esteve cá, em Portugal claro, revelou um importante Jornal de Economia e Negócios; mas poucos deram por isso, já que ele veio ensinar a pensar homens como o Carrapatoso, o Azevedo e outros assim. Os pequenos mortais como eu não receberam convites, mas foi pena porque teria ouvido o mais genial dos pensadores dos dois Séculos, o XX e o XXI. De qualquer modo não teria a cheta necessária para pagar a entrada.

O pensamento não tem idade, mas  esta dá muita experiência. Com os seus 72 anos, o pensador anda a pensar há mais de quarenta e pensou muito até chegar ao mais genial de todos os pensamentos. Ele é o Edward de Bono, maltês da Ilha de Malta. E estou a falar a sério; nunca alguém pensou como ele.

Mas, antes de ter chegado ao ápice da mente, ao supersumo do pensamento, o pensador andou por toda a parte a dar lições de pensamento, sintetizando a sua teoria no combate ao gang dos três. Não confundir com o dos quatro da Madame Mao que já estão enterrados há décadas.

O gang dos três são, no entender do pensador, o Sócrates (não confundir com o eng. Pinto Sousa), o Platão e o Aristóteles que limitaram a nossa habilidade de pensar pelo uso quase exclusivo do método de análise e crítica, desenvolvido há 2.500 anos.

Antes pois de atingir o topo do Everest do Pensamento, o pensador iniciou e desenvolveu a sua indústria do pensamento. E como indústria que é produziu ferramentas do pensamento; algumas copiadas, outras inspiradas, mas todas baseadas neste simples facto: o pessoal que dirige o grande capital não sabe pensar e os outros também não, mas não interessam, não têm dinheiro.

A primeira ideia do pensador genial foi, efectivamente, ensinar o dinheiro a pensar, mas de forma que uma parte importante escorregue para o seu bolso, ou antes, para a sua conta bancária. Por isso, ele só contacta gentes com grossas maquias nos diversos offshore. É que o pensamento não gosta de pagar IVA, IRS ou IRC.

Ele, o pensador, percebeu que as pessoas não usam chapéus; não fica bem um empresário de chapéu. Sim, alguém viu o Belmiro de chapéu, ou o Carrapatoso, ou o Espírito Santo ou o não sei quantos. Como não usam, não sabem bem para que serve um chapéu, daí o pensador admitir que possam julgar que o chapéu serve para pensar e se forem muitos chapéus servirão para pensar muito. E truz, inventou a ferramenta dos Seis Chapéus do Pensamento destinada fundamentalmente a organizar os pensamentos das equipas, sim, mas não as de futebol que teriam de ter muitos mais chapéus. Equipas de administração composto por seis milionários, gestores ou professores, cada um a pagar 5 mil dólares por chapéu e por cada equipa cantam 30 mil dólares para o pensador. Para os professores de ensino básio, diz a Net, há um desconto de 50%. Sim, as crianças também devem saber o que é um chapéu. Foi, sem dúvida um pensamento genial. Os chapéus são diversos, mas um deles é o meu favorito, o El Sombrero de três Bicos, diferente dos chapéus que são tipo alto com cada uma cor, branco, vermelho, verde, etc.

Depois veio outra ferramenta, a do Pensamento Lateral que, no dizer do pensador, é uma abordagem sistemática à criatividade para fazer a felicidade dos outros; povos ou seja quem for. O pensador aqui inspirou-se na guerra do Pacífico.

Os pilotos americanos só sabiam pilotar e combater e começaram a pensar como é que poderiam com os seus inferiores e lentos caças Wildcats fazer a felicidade dos nipónicos que voavam em rapídíssimos Mitsubishis Zero (não confundir com automóveis), mas eram míopes porque aprender a ler escrever não é a mesma coisa no Japão ou nos States.

Na altura, em 1942, os caças combatiam como ratazanas ou outros animais que tentam morder o rabo dos outros, fazendo uns longos círculos para se colocarem atrás do inimigo. Os pilotos americanos, não tendo velocidade para tal, resolveram substituir o tiro no traseiro do inimigo pelo tiro lateral e davam um quarto de volta para fazer a felicidade do piloto japonês; pois de acordo com o código Bushido, o mais feliz dos combatentes é aquele que morre pelo Imperador e por Yamato (Japão Original).

Depois, os americanos continuaram a pensar e acharam que deveriam dar uma grande felicidade às criancinhas, mulheres e velhos que não combatiam. De tanto pensarem, acabaram por inventar a bomba atómica para felicidade dos habitantes de Hiroshima e Nagasaqui que foram para os céus do Bushido ou qualquer coisa do género.

Como o pensador vai muito aos EUA, apesar de ser levantino, inventou a ferramenta DATT de direct attention thinking tools, qualquer coisa como ferramentas de pensamento para a atenção directa destinadas a aguçar a percepção e focar o pensamento de modo eficaz e eficiente no que se está fazer. Por exemplo: Um tipo está a defecar e deve focar o pensamento na sua, dele, m..  com resultados evidentes na produtividade.

Também arranjou um curso de criatividade que permite no espaço de dois ou três dias sacar umas massas muito criativas aos cursandos. Estes e outros cursos ou conferências são organizados em Portugal pela Eurokkeeka, a empresa líder no mercado do pensamento.

Quem completar os cursos da Eurokkeeka recebe um certificado norte-americano de Competent Thinker, pensador competente e pode dizer I am a certified thinker. Até fica bem no cartão de visita Certified Thinker, mas só em inglês, pois em português Pensador Certificado num cartão de visita levanta desconfianças e um gajo que recebe de um vendedor um cartão assim fica a pensar: P.. o que é isto, o que é que este gajo quererá de mim?.

O pensador é esperto. Para amedrontar os europeus e sacar mais uns euros, anda a dizer: Cuidado, tomem atenção, os chineses e os indianos também já estão a pensar. A malta fica lixada; 2,4 ou 2,5 mil milhões de cabeças a pensar é muita coisa mesmo. Sim, e ninguém sabe o que andam a pensar. Nem o novo triplo presidente da China Hu Jintao (não confundir com Gin Tónico chinês) sabe o que anda a sua gente a pensar, apesar de ser presidente da República lá do sítio, presidente do Partido e presidente do Comité de Defesa, o organismo que manda nos gajos das Kalashnikovs. O Hu Jintao bem sabe que para cortar a raiz ao pensamento basta um tirito na cabeça e pronto. Depois mandam a conta da bala para a família pagar e exportam a cabeça para os States, a fim de eles verem se podem aproveitar ainda qualquer coisa dos neurónios e células da glia que ficaram intactas. Talvez possam pôr aquilo num computador. Em vez do Intel, neurónios chineses.

O guru do pensamento é também cientista. Olhem! Foi ele que descobriu que os padrões do pensamento são assimétricos. O gajo merecia um Nobel só por esta descoberta, mas talvez ainda receba um.

Mas tudo isto é Bullshit, caca de boi, comparado com o resultado mais recente do pensador do Guru.

O gajo, perdão o senhor gajo, é da Ilha de Malta, uma ilha quase tão enfadonha como a Madeira; sem praia mas muito mar à volta para ver passar aquelas coisas horrendas que são os navios carregado de caixotões gigantescos até à ponte. E aí pensou que o turismo não é bem o sector lucrativo. Malta precisava de uma indústria. Pensou tudo o homem; desde automóveis, componentes, aviões, barcos, etc., mas nada, não havia capitais na Ilha e nem sequer uma mão-de-obra abundante.

De tanto pensar chegou a luz mais evidente. Criar uma indústria do pensamento. Sim porque o pensador é patriota; não quer o pensamento dos malteses importado de países com cabeças pensantes muitas vezes mais baratas que as nacionais. Mas, o que foi genial foi o seu modus operandi.

O pensador criou o Centro Mundial do Pensamento, em Malta,  para governos, grandes empresas, ONGs, líderes partidários, filósofos, físicos, etc. com a ideia genial de pagarem uma quota de um milhão de dólares para irem nalguns fins-de-semana pensar ou aprender a pensar.

Que pensamento extraordinário! Que genial! Um MILHÃO DE DÓLARES!

publicado por DD às 22:26
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