António entrou no Senhor Roubado, já vinha um pouco atrasado e o Metro perto das nove enche-se logo ali. Na Ameixoeira entrou mais gente e muito mais no Lumiar. António ficou de pé numa plataforma de porta e, de repente, ficou espantado, viu-a na outra plataforma. Não podia deixar de a reconhecer imediatamente e olhou com os olhos muito abertos para ela que se colocou de pé virada para ele. Não desviou a cara e fitou-o com interesse; António fez um aceno com a cabeça e queria sorrir, mas não conseguiu, a tristeza apoderou-se dele. Ela acenou timidamente e não desprendeu os olhos dele.
António pensou para consigo: a Armanda está na mesma, bonita como sempre, não engordou e mantém aquela saia negra. Ela parecia compreender o que ele pensava e soergueu as sobrancelhas como que para ver melhor. O semblante de António deveria mostrar uma profunda tristeza e dizia-lhe em pensamento: que pena ter-te perdido por tão pouco. Fomos casados cinco anos e por quase nada separámo-nos e divorciámo-nos, não deixámos nada um para o outro, nem uma criança. Será que ela tem alguém? É muito possível, a Armanda é demasiado mulher para não ter homem. Eu é que nunca mais arranjei alguém como ela. Vou tentar falar-lhe, mas isto está mais que cheio. Talvez no Campo Grande saia muita gente e então aproximo-me; ela quer falar comigo pois não desviou por um segundo a cara de mim. Podíamos reatar a nossa ligação; passaram-se anos, mas como? Estou prestes a perder o emprego, a direção da Companhia Marítima já disse que ia dispensar metade do pessoal, logo que fosse publicada a nova legislação do trabalho. E para que serve um desempregado a uma mulher como a Armanda, ela vem bem vestida, mas não mudou de hábitos desde há mais de cinco anos, traz um belo anorak vermelho.
No Campo Grande saiu muita gente e a Armanda também. António viu-a atravessar o cais e dirigir-se para a outra linha do Metro. Para onde irá? Perguntou a si mesmo e porque razão nunca a vi nesta linha em que viajo há tanto tempo duas vezes por dia.
. Dos Zigurates Sumérios ao...
. O Juiz não conhece a Semâ...
. Neto de Moura, O Meritíss...
. Conto da Palma da Mão - A...
. Inédito de Dieter Delling...
. Conto da Palma da Mão: El...
. Conto Inédito de Dieter D...
. A Morte de Cristo em Verd...
. Inflorescências
. Links Amigos